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[Review] Lock’s Quest é um clássico em nova roupagem

Remake da 5th Cell mostra que nem todos os jogos tower defense são caça-níqueis.


O tower defense está entre os subgêneros mais subestimados do mercado. A razão disso talvez seja o fato da maioria dos jogos do estilo fazerem parte do acervo de plataformas mobile, além de quase sempre serem free-to-play. Essas duas características tendem a alimentar o preconceito até mesmo dos jogadores mais experientes, pois a maioria desses títulos são realmente verdadeiros  “caça-níqueis”, preferindo ganhar dinheiro à desenvolver mecânicas equilibradas. Consequentemente,  o resultado não poderia ser pior, indo desde alimentar o preconceito até a criação de concepções genéricas e injustas, afinal de contas, nem todos esses jogos são assim.

Esse é caso de Lock’s Quest (Multi), um clássico do subgênero desenvolvido pela 5th Cell  e lançado originalmente para Nintendo DS em 2008. Por sorte, até a geração passada, os jogos free-to-play ainda não haviam alcançado o mercado de consoles, então mesmo que se sua desenvolvedora tivesse outros planos para o título, ela não poderia pô-los em prática.Recentemente, o tower defense da  5th Cell  recebeu uma versão remasterizada para os principais consoles dessa geração.

Protegendo seu patrimônio 

Para aqueles não tiveram muito contato com jogos mobile, portáteis ou simplesmente não conhecem o estilo, tower defense é um subgênero que se originou dos RTS, jogos de estratégia em tempo real. Seu objetivo é tentar impedir que inimigos lhe ataquem ou que os mesmos alcancem um determinada área do mapa. Para isso, é possível construir torres e armadilhas, que podem exterminar ou, pelo menos, atrasar seus adversários. Se bem sucedido, você recebe dinheiro e recursos, que poderão ser investidos na criação e aperfeiçoamento de construções e habilidades.

Lembrando que a escolha do tipo e posicionamento das torres fica sempre por conta do próprio jogador, que precisa pensar de modo rápido e estratégico para superar os desafios propostos.

Trabalhando como um relógio 

No jogo nós controlamos Lock, um jovem rapaz que vive tranquilamente com sua irmã, Emi, e seu avô, Tobias, em um vilarejo à beira mar. Até que, em um fatídico dia, seu lar é atacado por um exército de clockworks, seres autômatos liderados pelo misterioso Lord Agony. Com a ajuda de um archinner, uma espécie de arquiteto da guerra, Lock inicia uma luta pela sobrevivência de seu povo.

Lock’s Quest é um dos poucos jogos do subgênero que possui realmente uma história, elemento que imediatamente o distingue dos demais. Geralmente jogos desse estilo possuem apenas breves introduções e com sorte algumas poucas linhas de narrativa. Ao contrário dos demais, o jogo da 5th Cell possui um enredo mais consistente com direito a plotwists com uma boa variedade de personagens.

Uma nova forma de ver as coisas 

Vocês com certeza devem se lembrar que, da mesma maneira que o Nintendo 3DS, o DS contava com duas telas distintas. Uma delas geralmente era usada como suporte, para consultar o mapa ou inventário, enquanto a segunda tela era onde a ação realmente acontecia.

O problema é, com a predominância das TVs de tubo, o DS seguiu a tecnologia da época, possuindo telas com o clássico formato pitagórico (4:3), enquanto atualmente, os consoles usam uma tela em formato widescreen (16:9, 21:9 ou 2,66:1). Mas a essa altura, você deve estar se perguntando aonde eu estou querendo chegar com tudo isso. Pois bem, para poder trazer Lock’s Quest para época atual, não bastaria alterar a resolução e adicionar novas texturas, foi preciso alterar todo HUD  (heads-up display ou tela de alerta) do game e adaptá-lo para apenas uma tela. E, de fato, o modo como elementos do HUD estão dispostos na versão remasterizada, deixou seu visual mais atual, além de mecanicamente mais ágil e intuitivo.
Versão de Nintendo DS

Versão remasterizada
Diferente de alguns jogos que foram remasterizados nos últimos anos, Lock’s Quest manteve o clássico estilo pixelado do original, mas, além de ter sofrido um aumento em sua resolução, também ganhou uma coloração um pouco mais viva.

Construindo contra o tempo 

Nada melhor para aprender do que fazer você mesmo e é exatamente o que acontece neste tower defense. Seu tutorial é focado na prática, consiste em seguir, passo a passo, algumas ordens dadas pelo game, o que torna o entendimento das mecânicas algo rápido e fácil.

A experiência está ainda melhor nesta versão, possibilidade de jogos com teclado e mouse foi uma grande contribuição para os usuários da versão de PC. Imagino que muitos poderão discordar disso, mas o fato é que o mouse possui uma precisão muito maior do que o analógico de qualquer joystick e em jogos FPS e RTS a exatidão faz toda a diferença.

Infelizmente, por melhor que sejam seu mouse e sua habilidade com o mesmo, nem sempre sua jogadas serão perfeitas, pois, apesar do game rodar a 60fps, há um delay entre a realização de certos comandos e sua execução, como os ataques aos inimigos , por exemplo. Todavia, é compreensível que isso aconteça, pois  devemos sempre ter em mente que não se trata de um remake, mas sim de um antigo jogo de DS que sofreu uma remasterização, logo certo empecilhos como esse tendem a permanecer. Seja como for, é algo irritante que, muitas vezes, afeta sua performance durante as partidas.

Outro empecilho é a impossibilidade de pular ou avançar os diálogos mais rapidamente. Digo isso, pois, é comum você recomeçar uma fase desde seu início, seja devido a erros ou equívocos cometidos. Lembrando que as fases são divididas em duas ou três etapas, nas quais você tem que usufruir das mesmas construções, ou seja, se você não tiver um bom desempenho na primeira parte, provavelmente, não conseguirá sobreviver às demais.

Missão encerrada 

Lock’s Quest nos dá a oportunidade de reviver um clássico do Nintendo DS e contribui para acabar com a injusta má fama sofrida pelos jogos de tower defense. A adição de uma trama consistente, um tutorial prático  e a possibilidade de se jogar com teclado e mouse faz com que a experiência com game seja renovada sem perder a essência do original. Recomendo o jogo a todos que gostam do subgênero, desejem resgatar o nostálgico sentimento que tiveram com o portátil da Nintendo, ou mesmo, queiram dar uma chance a esse estilo de jogo.

Qualidades

  • Enredo consistente;
  • Remasterização de qualidade;
  • Adaptação de HUD;
  • Tutorial prático;
  • Opção de teclado e mouse.

Defeitos

  • Delay;
  • Impossibilidade de pular diálogos.  

Locks Quest – PC/PS4/XBO – Nota 7,0

Revisão: Douglas Marciano

* Este texto foi produzido a partir de uma chave cedida pela assessoria de imprensa para a versão de PC.


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