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[Review] Berserk and Band of the Hawk (Multi)

Apesar de todo ar de novidade que Berserk and Band of the Hawk (Multi) possa gerar, esse não é o primeiro jogo inspirado nesta obra de fantasia. No final da década de 90 foi lançado Sword of the Berserk: Guts' Rage (Dreamcast) e seu sucessor, Berserk: Millennium Falcon (PS2) em 2004. Esse último, infelizmente, nunca deu as caras no ocidente. Seja como for, ambos se tratavam de hack n’ slashes com CGs, dublagem e um belo visual para época, o que os tornou bastante atraentes não apenas aos fãs.

Em outras palavras, até o lançamento de Band of the Hawk, estávamos há treze anos carentes de um game da série. O jogo preserva todos esses elementos, mas transporta-os para um novo e pouco conhecido estilo, o musou.

Uma batalha entre Davi e Golias

Para aqueles que não conhecem, musou é subgênero semelhante ao hack n’ slash, cujas principais características são a presença de um protagonista enfrentando sozinho, ou com um pequeno grupo, uma grande quantidade de inimigos. Muitos desses jogos, entretanto, possuem missões que demandam um mínimo de estratégia para serem concluídas.

Tragédia sem fim

No jogo você controla Guts, um sobrevivente que vaga pelo mundo à procura de respostas. Tudo começa a mudar de um modo imprevisível no exato momento em que o sobrevivente é obrigado a se unir ao famoso Bando do Falcão, um grupo mercenários liderado por Griffith.
Berserk, em certa medida pode ser comparado a série Guerra dos Tronos, pois,  no desenrolar de ambas as tramas, há um momento decisivo no qual as obras sofrem uma mudança de gênero radical, passando de um clássico romance medieval para a fantasia medieval. A partir daí, aquilo que não passava de lendas e rumores começa a se mostrar real e marca uma forte presença no mundo.

Ferocidade inspiradora

O game possui mais de duas horas de cutscenes retiradas da trilogia de filmes, Berserk: Ougon Jidai Hen. Esse não é o primeiro jogo do estilo a seguir fielmente a narrativa da obra a qual ele se inspirou, muitos outros já o fizeram, como é o caso da série de jogos One Piece: Pirate Warrior. Percebe-se que, aos poucos, isso começa a se tornar uma marca dentro do subgênero.

Apesar de seguir fielmente a cronologia e acontecimentos da obra original, infelizmente, a trama de Band of Hawk se desenrola de um modo extremamente condensado, fazendo aqueles que nunca tiveram qualquer contato com a série, simplesmente não entendam trama.
Mesmo de forma resumida, o jogo parece seguir a história do mangá a risca, porém algumas cenas foram simplesmente omitidas, algo pior que censura. Dentre elas, o estupro de Casca e a autoflagelação de Farnese. O primeiro caso, em especial, é importantíssimo para se compreender a narrativa.

Casca é uma mulher forte, que chegou comandar todo Bando do Falcão na ausência de Griffith. O modo como a história é contada no jogo, por outro lado, passa impressão de que ela simplesmente ficou louca após o eventos do Endless Eclipse (Eclipse Sem Fim), o que não é totalmente verdade. Além disso, o jogo poucas vezes lhe dá opção de controlar a personagem no modo história, impossibilitando conhecer seus pormenores.
Para piorar ainda mais o entendimento da história, o jogo é dublado unicamente em japonês e as legendas são muito pequenas, o que  é um empecilho, mesmo para os proprietários de telas grandes. Confesso que a ausência de localizações em outros idiomas não me incomodou, prefiro muito mais o som original, mas a opção de aumentar a fonte das legendas viria bem a calhar.

Quando tamanho é sinônimo de vitória 

Como não poderia deixar de ser, as batalhas de Band of the Hawk são o grande destaque do jogo. A física, apesar de conter elementos de fantasia, é muito bem elaborada. Podemos perceber isso através da espada de Guts, por exemplo. Seu enorme peso pode ser sentido através de seus vagarosos e desengonçados golpes, principalmente quando se efetua um ataque forte. Além disso, é comum que os inimigos literalmente voem quando atingidos, o que não é de se surpreender se nos atentarmos ao tamanho da espada e a força de nosso protagonista.
O modo como os personagens se movimentam, por outro lado, não é nada orgânico, principalmente os inimigos. Mesmo figuras mais ágeis como Griffith se movem de um modo estranho, que não condiz com aquilo nos é transmitido nos jogos anteriores, anime e mangá.

Se tornando uma lenda

Antes de iniciar cada uma das missões, é possível saber quais personagens você encontrará no campo batalha, tanto aliados quanto inimigos, entretanto não são disponibilizados nenhum dado ou informação a respeito destes. Mesmo assim, isso pode ser usado pelos fãs da série como uma vantagem, uma vez que estes provavelmente se recordam dos antagonistas da série, logo já sabem que tipo de desafio os aguardam e como reagir. Por exemplo, da mesma maneira que a série, o Apóstolo Serpente é facilmente derrotado com o uso da besta e do canhão, mas se torna um grande empecilho em um combate a curta distância.

Nada mais que a fúria

O jogo possui alta rejogabilidade devido aos vários modos, personagens jogáveis e Behelits.  Você pode jogar de três maneiras distintas: o clássico modo história, livre e Endless Eclipse.

O primeiro permite que você reviva os principais momentos dos quatro primeiros arcos da história original. O problema é que, na maioria das vezes só é possível jogar com Guts, assistindo a trama quase que unicamente pelo ponto de vista do personagem.
O modo livre, por sua vez, permite com que você jogue as mesmas missões com os demais personagens, mesmo que na história original eles ainda não tivessem sido introduzidos ou estivessem mortos. Enfim, como o próprio nome diz, aqui se tem liberdade, logo algumas regras e o bom senso não se aplicam.

Por fim, Endless Eclipse, depois da história, parece ser o modo mais atrativo de jogo. Nele você terá que cumprir 100 diferentes missões que lhe proporcionaram desde itens e dinheiro até skins únicas.
Esse último modo é ideal para aqueles que querem adquirir um bom equipamento e experiência para encarar os desafios da Berserk, o nível de dificuldade mais elevado do jogo. Lembrando que todo o progresso e itens adquiridos podem ser usados em qualquer um dos modos.

Sentindo na pele 

Ao contrário do que foi anunciado, você pode controlar não apenas os membros do bando do falcão como também vários outros aliados e inimigos, como é o caso do apóstolo Nosferatu Zood, que dispõe tanto de sua forma humana, na qual utiliza duas armas, uma espada e um machado, simultaneamente, quanto a de sua forma demoníaca, se transformando em uma enorme criatura alada e portadora de chifres, fazendo com que ele inflija muito mais dano aos inimigos e possa literalmente voar.

As Behelits ou jóia do rei, funcionam como as moedas especiais em jogos da série de Mario. Para conquistar cada uma delas é preciso realizar uma ação específica em uma determinada missão. No final, elas representam uma parte de uma imagem em um grande painel, algo semelhante a um quebra-cabeças. Ao reuni-las e formar a imagem, você será generosamente recompensado.

Um alvo perfeito 

Adaptar uma obra dessa magnitude, mesmo sendo algo aparentemente simples, como um musou é uma grande responsabilidade, pois é preciso agradar tantos aos fãs da série, sendo fiel aos acontecimentos da história e aos trejeitos dos protagonistas, quanto aos apreciadores do subgênero, tentando inovar sem perder sua essência.

Apesar de alguns problemas com relação a sua narrativa, Berserk and Band of the Hawk consegue ser muito bem sucedido nessa tarefa. Seu estilo e forma de apresentar a trama, no entanto, acabam o transformando em um jogo de nicho, que dificilmente será apreciado por aqueles que nunca tiveram contato com a série.

Qualidades:

  • História segue fielmente a obra original;
  • Física elaborada;
  • Alta rejogabilidade;
  • Vários personagens jogáveis;
  • Modos de jogo instigantes.

Defeitos:

  • Narrativa demasiadamente condensada;
  • Censura;
  • Legendas pequenas;
  • Movimentação.

Nota: 7.5

Revisão: Ailton Bueno
Arte: Peterson Barros

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