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[Review] Tormented Souls (Multi)

 Em meio à enxurrada de jogos de horror genéricos e superficiais da atualidade, Tormented Souls surge como um verdadeiro sopro gélido de nostalgia – da melhor forma possível. Desenvolvido pela Dual Effect em parceria com a Abstract Digital e publicado pela PQube, o jogo não esconde suas intenções: prestar uma reverência sincera aos pilares do survival horror. Se você é fã de Resident Evil (1 a 3 e Code: Veronica), Silent Hill ou Fatal Frame, prepare-se para uma viagem intensa e aterradora direto para os seus piores pesadelos dos anos 90.

Ficha Técnica
Desenvolvido por: Dual Effect, AbstractDigital
Publicado por: PQube
Gênero: Survival horror, Puzzle
Série: Tormented Souls
Lançamento: 2021
Classificação indicativa: 18 anos
Modos: Single Player
Disponível para: PC (Steam), PS4, Nintendo Switch

 

Uma carta de amor ao passado – e um puxão na coragem dos jogadores modernos

A protagonista Caroline Walker acorda nua em uma banheira, com um susto que já estabelece o tom do que vem pela frente: mistério, tensão e o constante desconforto de estar sendo observada. Ela parte em busca de duas irmãs desaparecidas em uma mansão sinistra, e o jogador logo percebe que está imerso em algo muito mais profundo – e sombrio – do que imaginava.

Ao optar por uma câmera 100% fixa, os desenvolvedores não apenas evocam o espírito dos jogos antigos, mas criam uma experiência deliberadamente inquietante. Não ter controle total sobre o que se vê reforça a sensação de vulnerabilidade. A ambientação, por sua vez, é um espetáculo à parte: cada canto da mansão está repleto de detalhes, armadilhas e segredos que exigem investigação minuciosa. Não se trata apenas de avançar, mas de sobreviver com inteligência.

Escuridão como mecânica real e atmosfera sufocante

Diferente dos sustos fáceis e jumpscares sem propósito, Tormented Souls constrói o horror com camadas densas. O jogo é propositalmente escuro – e não apenas visualmente. Se você andar sem uma fonte de luz (como um isqueiro), corre o risco de literalmente sumir na escuridão. É uma mecânica simples, mas extremamente eficaz, que contribui para uma sensação constante de urgência e isolamento.

Outro acerto é o uso de objetos 3D que precisam ser rotacionados e examinados em todos os ângulos. Nada é entregue de bandeja. Cada pista exige atenção, e os documentos espalhados pela mansão revelam um enredo macabro de experimentos, segredos e loucura.

Armas de pregos, combate tenso e munição limitada

Esqueça metralhadoras ou lança-chamas. Aqui, a protagonista usa uma espécie de "pregadeira" para se defender dos inimigos, o que adiciona um sabor inusitado à jogabilidade. Mas cuidado: os pregos são limitados, e os inimigos precisam de vários acertos para caírem. Se você for afoito, logo se verá indefeso. A sensação de risco é constante e deliciosa para quem gosta de tensão real, não enlatada.

Os inimigos, por sua vez, são grotescos e bem construídos. A mansão é habitada por bonecos torturados, figuras retorcidas que remetem ao horror corporal de Silent Hill. E se você tem pavor de bonecos com olhos costurados... boa sorte.

História fragmentada, puzzles clássicos e o prazer de se perder

A narrativa é contada aos pedaços, através de anotações, objetos e textos escondidos. É uma escolha ousada, que recompensa o jogador paciente e curioso. Os puzzles seguem a velha guarda: girar alavancas, combinar itens, decifrar códigos. Pode parecer retrô demais para alguns, mas para quem cresceu jogando com papel e caneta ao lado do controle, é uma experiência deliciosa.

Ponto alto: Atmosfera retrô bem executada e respeito às raízes do gênero
Ponto fraco: Ritmo pode ser lento demais para jogadores mais acostumados com ação direta

Versão Nintendo Switch: desempenho surpreendente

Uma das grandes surpresas foi o ótimo desempenho no Switch. Mesmo com toda a carga gráfica e escura do jogo, não há engasgos, quedas de FPS ou problemas técnicos. E mais: as sombras e reflexos são renderizados em resolução nativa, algo raríssimo no console híbrido da Nintendo. É um mérito que merece ser destacado – e a prova de que com cuidado e paixão, o Switch pode sim abrigar experiências visuais impactantes, que me faz lembrar o mesmo ocorrido com Resident Evil 2 de Nintendo 64, conhecido por ser um "port impossível".

Trilha sonora envolvente e inteligente

Outro ponto que merece aplausos é a trilha sonora. Ela é contextual, mudando de acordo com o ambiente e a tensão do momento. Há momentos em que o silêncio predomina – e isso é proposital. Quando a música entra, é para dar peso emocional ou intensificar o terror. Em tempos de soundtracks genéricas, Tormented Souls mostra como se faz.

Veredito Final

Tormented Souls é mais do que um jogo. É um lembrete de que o verdadeiro terror não está em monstros pulando na tela, mas em atmosferas densas, decisões difíceis e no som de seus próprios passos em uma mansão onde algo claramente deu muito errado. Para fãs de survival horror raiz, essa é uma experiência imperdível. Para novatos, é um batismo de fogo – ou melhor, de sombras.

Nota Final: 9/10

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