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[Review] Galaxy of Pen and Paper (Multi)

Novo jogo da Behold mostra como era ser um rpgista no final dos anos 90.



Se você jogava RPG de mesa antes dos anos 90, deve se lembrar de todo os empecilhos que envolviam a prática deste hobbie. Os problemas iam desde do alto custo dos livros até encontrar membros o suficiente para formar seu grupo.

Com a popularização da internet, no entanto, tudo mudou. A partir daí, chats e softwares dedicados ao jogo começaram a surgir, consequentemente encontrar novos integrantes e livros para sua turma se tornou algo muito mais simples. Esse é exatamente o tema e época abordados em Galaxy of Pen and Paper (Multi).

O jogo é o terceiro título da série Pen and Paper, um RPG desenvolvido pela brasileira Belhod Studios, que criou o premiadíssimo Chroma Squad (Multi). Nos dois primeiros games da franquia, o tema era fantasia medieval, mas em Galaxy a trama toma novos rumos. Além de novos protagonistas, o cenário passa a ser ficção científica espacial  e, da mesma maneira que os demais, você conta com a presença tanto do mestre, que elabora a história e a narra durante as partidas, quanto dos jogadores, que criam personagens e os interpretam.

Em Galaxy, você também cria cada um dos personagens que os jogadores utilizarão, além do mestre. No caso dos jogadores, você pode escolher sua personalidade (estereótipo), raça, classe, mas não tem nenhuma opção quanto a aparência desses heróis. Ao contrário do Mestre, no qual você pode escolher a etnia, roupas (como trajes de Star Trek, Star Wars e Doctor Who), acessórios e, por fim, a poltrona  que ele usará . Pode parecer bobagem, mas isso é algo muito importante. O RPG de mesa é um jogo onde você passa quase todo tempo sentado e existe uma espécie de tradição na qual o Mestre sempre pega o melhor lugar do recinto, geralmente uma confortável poltrona ou uma cadeira mais rebuscada, enfim o melhor lugar do cômodo e em Galaxy isso não é diferente.

Em outras palavras, o jogopode ser interpretado como uma espécie simulador de RPGs de mesa ou, pelo menos, como um título que usa e abusa da metalinguagem, no caso um RPG eletrônico que aborda como é jogar um RPG de mesa. Seja como for, são esses elementos que torna o título único.


Resgatando a Nostalgia

Na parte inferior da tela, são exibidos três jogadores na mesa e atrás, no restante da tela, o que estaria se passando na imaginação destes, ou seja, é onde acontece o jogo propriamente dito.

O interessante é que os três personagens estão jogando em um quarto cheio de brinquedos típicos dos anos 80 e 90, fazendo referência há vários cartoons, animes e filmes da época, como Thundercats, Família Dinossauro, Akira, He-Man, Star Trek, Star Wars, Guerra dos Mundos, Independence Day, Alien, entre muitos outros.

Além disso, desde o começo a história começa a trazer à tona situações típicas daqueles que vivenciam este hobbie, como a cena em que sua mãe entra no quarto e interrompe a jogatina bem quando alguém está vergonhosamente realizando uma interpretação ou quando você recebe uma visita inesperada e é obrigado a introduzi-lo ao jogo ou simplesmente parar de jogar. Qual jogador de RPG nunca passou por isso?

Todos esses elementos envolvendo a criação de personagem quanto a presença desses objetos no quarto geram um sentimento de nostalgia a qualquer RPGista que tenha vivido nessa época.  Ao mesmo tempo, os jogadores mais novos também não se sentirão excluídos, muito pelo contrário, para esses o jogo serve para mostrar como eram as coisas antes do surgimento da tecnologia de internet  banda larga.


Clássicos nunca morrem, só passam de nível

Para completar a felicidade dos nerds da velha guarda, Galaxy não segue a tendência dos novos títulos do gênero, deixando a ação de lado  e adotando mecânicas clássicas do RPG por turnos, naturalmente, com algumas mudanças, mas nada que descaracterize estilo. As novidades agregam ao sistema a possibilidade de posicionar previamente seus personagens no campo de batalha, em outras palavras, é possível determinar se seu herói ficará a frente ou atrás durante os combates.

A escolha de posicionamento contribui para usar o melhor de cada uma das classes e raças de personagens. Um personagem da raça Simiano e da classe de personagem Heavy, por exemplo, é melhor aproveitado quando colocado a frente dos demais, pois tem uma quantidade elevada de pontos de vida e tem habilidades que ajudam a prevenir que outros personagens sofram dano, sendo assim melhor como Tank. Enquanto um Green da classe Bounty Hunter, deve sempre ficar atrás, porque, apesar de possuir mais SP (Poder especial), podendo usar suas habilidades com mais frequência,  e ter mais chance de provocar dano crítico, tem poucos pontos de vida.

Os pontos de vida, aliás, não são os únicos atributos definem a vida e a morte de seu personagem. Agora existem também o ESD, que atua como uma espécie de escudo que regenera gradativamente durantes as batalhas ou totalmente ao final das mesmas. De qualquer maneira, os inimigos terão que destruir primeiro esse escudo para, daí sim, começar a tirar pontos de vida  e, por fim, matar seu herói. Lembrando que isso não é exatamente uma novidade, pois sistemas semelhantes já existiam em RPGs de mesa que abordavam essa mesma temática, como Star Wars: The Roleplaying Game.

A primeira vista, o game parece ter sido desenvolvido como mundo aberto, ilusão que não dura mais que alguns minutos. Na verdade, seu esquema de fases é algo similar aos primeiros jogos da série Final Fantasy. Após completar as missões iniciais, é possível viajar para vários outros planetas, e cada um destes novos locais, por sua vez, é dividido em vários lugares distintos, onde você poderá desde comprar e vender itens em lojas até conquistar novas missões secundárias. No entanto, essas missões costumam a ser extremamente repetitivas.

Elas são divididas em vários tipos: Caçada, Interceptação, Coleta, Escolta e Classe.
  • Caçada -  você, geralmente, tem que capturar um bandido foragido.
  • Interceptação -  é uma missão usando nave, porque SIM, há batalhas usando somente as espaçonaves, que também utiliza um sistema de turnos
  • Coleta – Você tem que adquirir determinados itens e entregá-los ao contratante em questão
  • Escolta – Como o próprio nome diz,Você é contratado para levar alguém importante para algum lugar distante em segurança. Geralmente neste tipo de missão há tanto batalhas envolvendo naves quanto em solo com os personagens.
  • Classe – acontece em determinados momentos do jogo, quando o Mestre finalmente consegue acumular dinheiro para comprar um novo livro de RPG, que expande a história trazendo uma missão inédita, que é tão boa quanto as missões principais, e também introduz uma classe de personagem totalmente nova, que não dava para você escolher até então.
Com exceção das missões de Classe, você não irá querer cumprir cada uma delas mais de uma vez. Eu digo isso, pois a repetição é tamanha que, algumas vezes,  até os diálogos com os inimigos são os mesmos, ou seja, a não ser que você queira, ou mesmo goste, de evoluir seus personagens e adquirir novos itens, vale a pena se focar apenas na campanha, que conta uma trama recheada de referências.


Enfrentando insetos espaciais

Desde seu lançamento o jogo vinha sofrendo alguns bugs, mas, em sua maioria, nada que impedisse seu progresso ou acabasse com a diversão.  Bem, vocês já devem saber que Galaxy é um game nacional e localizado em português, certo? Pois bem, muito raramente aconteceu de algumas falas aparecem em inglês.

Ademais, há um problema que quase pode fazer com que você perca horas de jogatina e para piorar ele ocorre exatamente no último chefe. Imagine a seguinte situação, se ao usar o famoso item de cura, ao invés deste curar os personagens quando utilizado, provocar dano aos mesmos. Por sorte, ainda é possível recuperar a vida dos heróis usando habilidades de cura, caso contrário seria preciso recomeçar a desde o começo, o que seria muito frustrante.


Um astro entre o indies

Apesar de missões secundárias repetitivas e alguns bugs, Galaxy of Pen and Paper consegue ser ainda melhor que seus antecessores, inovando seu sistema de batalhas e trazendo consigo várias referências nerds de época. Se você viveu o final dos anos 90 ou mesmo gosta de RPGs de mesa, Galaxy of Pen and Paper é um título indispensável.


Qualidades

  • Traz a nostalgia dos anos 90;
  • Tema e metalinguagem atraem os fãs do hobbie;
  • Sistema de batalha que inova sem descaracterizar o estilo.

Defeitos

  • Missões secundárias  são extremamente repetitivas;
  • Bug que impede o término do jogo.


Galaxy of Pen and Paper– PC/Android/iOS - Nota: 8,0


Revisão: Ailton Bueno


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