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[Review] Gorescript (PC) traz toda a simplicidade dos FPS clássicos.

Com gráficos em voxel e jogabilidade simples, o game é ação do início ao fim.



Com o passar do tempo, os games vão ficando cada vez mais bonitos, tecnológicos e imersivos. Apesar de ser algo positivo, é sempre bom conhecer o passado dessa indústria em ascensão.

Gorescript (PC) é um FPS indie que trás esse sentimento nostálgico. Desenvolvido por Sergiu Valentin Bucur e publicado pela Amused Sloth, seus gráficos em voxel — feitos inteiramente com cubos, como Minecraft (Multi) e Trove (Multi) — nos levam a um mundo sem rodeios e com a jogatina direta ao ponto.

Gorescript é o sucessor do Gorescript Classic de 2014, um experimento do desenvolvedor Sergiu Bucur para construir um clássico jogo de FPS no Javascript. Em 2016, Sergiu decidiu criar um novo mecanismo de jogo personalizado e lançou o Gorescript como conhecemos hoje, mantendo-se fiel à forma como os jogos de FPS foram feitos no passado.

Anos 90 Starter Pack

O clássico é nostálgico

Para aqueles que nasceram a partir do ano 2000, será muito difícil entender a nostalgia que Gorescript traz consigo. Acredito que Sergiu quis criar um game que rememorasse os jogos de tiro em primeira pessoa da década de noventa, mais precisamente Doom, de 93, e Quake, de 96.

Nos primeiros momentos de jogatina, pode-se dizer que senti uma sensação muito confortável. A ação desenfreada com ausência de tutoriais, sem comandos complexos e direto ao ponto, era-me familiar porque eu joguei algo parecido em minha infância e, pelo menos para mim, tudo que relembra a infância é prazeroso.

Já adianto que esse game não é o melhor FPS de todos os tempos, longe disso. Nos próximos parágrafos explicarei como Sergiu Valetin Bucur exalta os jogos clássicos de tiro em primeira pessoa nos dias atuais. Boa leitura.


Back to the 90’s

Antes de começarmos, coloque uma fita cassete da dupla Sandy e Junior para tocar, abrace seu ursinho de pelúcia da Parmalat e troque seu monitor LED por um monitor CRT, aqueles de tubo. Assim você vai começar a sentir a essência de Gorescript.

Brincadeiras à parte, o game consiste em passar de fase, para tal é preciso explorar o mapa até encontrar o portal que leva para a fase seguinte. No meio do caminho você vai encontrar alguns bichos estranhos querendo te impedir, mas é só atirar neles e está tudo resolvido.

Nesse game você não precisa se preocupar com o enredo: diálogos e tomada de decisões são inexistentes. Apesar de ser uma falta grave, não é preciso uma história de fundo para ser divertido. Na verdade, você fica livre para poder imaginar o porquê daquilo tudo, como por exemplo, se o personagem é um prisioneiro que busca a liberdade ou se ele é um mercenário que está invadindo o complexo atrás de um relíquia.


A maneira que o jogo foi desenvolvido o tornou tão simples que não existe tutorial. Automaticamente suas mãos se posicionam no teclado e mouse e você começa a joga-lo por assimilação. É bem provável que irá morrer algumas vezes, mas o respawn é rápido e em questão de dois segundos a ação começa novamente.

Com uma curva de aprendizado muito rápida, Gorescript não subestima a capacidade do jogador. Essa é uma característica dos jogos clássicos, veja o exemplo de Super Mario World ou Sonic, todo mundo sabe jogar e nenhum deles possui tutoriais.


Fuji ou Kodak?

Nos anos noventa, a maior preocupação da humanidade, se tratando de imagem, era a difícil escolha entre uma máquina fotográfica da Fuji ou da Kodak e se levaria um filme de 18, 24 ou 36 poses para o passeio da família.

No mundo dos videogames os gráficos ainda eram pixelados, com imagens em 2D e não possuíam total tridimensionalidade (faltavam salas posicionadas uma sobre a outra e olhar para cima e para baixo era impossível). Foi só em 1996 que os gráficos começaram a ser modelados totalmente em 3D, com o game Quake.

Por sorte, Sergiu optou por criar seu game com gráficos em 3D, contudo, optou por fazê-lo em voxel, ou seja, todos os elementos são compostos por cubos, desde o cenário até as armas. O grande problema é que toda a simplicidade do gameplay foi transferida para a arte gráfica do game e isso foi um erro.


Não estou dizendo que ele deveria ter criado o game com engines de uma geração como Unreal ou Cry Engine, eu sou um grande fã de jogos em voxel world e posso te afirmar que ele poderia ter feito melhor, principalmente se tratando dos inimigos e das armas.

Em Gorescript nós confrontamos quatro tipos de criaturas: bola vermelha com dentes, que ataca corpo a corpo; Triângulo azul de um olho só, que ataca com disparos de longo alcance; E dragão verde de três cabeças quadradas, que também ataca de longe, mas seu tiro é triplo. O quarto inimigo é um boss e podemos descrevê-lo como um grande cubo azul.

Como podem perceber, os inimigos são formas geométricas, simplistas, que entendiam o jogador. Se pegarmos como exemplo outros games em voxel, como Trove que possui uma ampla variedade de inimigos, veremos que faltou criatividade na criação dessas criaturas. Ao longo de 18 fases, eles permanecem inalterados, tanto no poder quanto na aparência.


Para enfrentar inimigos com falta de criatividade: armas com falta de criatividade. Apesar de sua variedade, seis ao todo, elas foram confeccionadas nas cores azul e branco. O problema não foi a escolha das cores, mas a falta de detalhes. Elas são muito semelhantes visualmente, dificultando a percepção de qual arma se está empunhando, atrapalhando o gameplay por deixar a troca das armas confusa.

Por fim, a ambientação cumpre bem seu papel. Com cores neutras e portas coloridas, é muito fácil se localizar. As fases possuem rampas, escadas, elevadores e passagens secretas, alguns trechos são confusos, como em um labirinto, mas faz parte da proposta do game.

Caso fique entediado com a falta de vida no ambiente, saiba que as paredes podem ser tingidas com o sangue dos seus inimigos. Basta atingi-los com suas armas para ver uma explosão de cores. Se gostar da sua criação artística, lembre-se que não estamos mais nos anos noventa e você pode tirar uma screenshot da tela, apesar que tem gente que ainda prefere fotografar o monitor.


Detonado

Uma prática muito comum nos anos noventa era a compra de revistas especializada em games para conferir os famosos “detonados”: artigos onde os redatores ensinam todos os segredos para finalizar os games, incluindo seus mistérios e extras.

Gorescript possui segredos que não são essenciais para chegar ao final do game, porém, ajudam e garantem diversão. Esses segredos são chamados de power ups e abrangem desde as armas do jogo até itens que aumentam o poder de ataque ao custo da vitalidade.

Tais preciosidades estão escondidas em passagens e salas secretas. As portas que dão acesso a esses itens estão camufladas com a aparência das paredes e o desafio é saber onde elas estão, uma vez que sua existência só é revelada quando se está cara a cara com a mesma.


Um fator interessante na mecânica do jogo é que não é possível pular até que você adquira o power up botas anti-gravidade. Mesmo sem esse item é possível finalizar o game, mas aumenta a dificuldade.

Se de um lado as salas secretas guardam itens preciosos, de outro escondem armadilhas mortais. É muito comum o personagem ser emboscado após pegar uma chave ou entrar em uma sala, ficar atento é imprescindível para permanecer vivo.

Nos dias atuais, muitas das revistas especializadas em games se tornaram sites e os detonados são, em sua maioria, em vídeo. Mas naquela época, eram centenas de parágrafos e fotos para explicar ao leitor como detonar qualquer game. Ainda bem que os tempos mudaram.


Uma fase ou uma vida

Era muito gostoso quando os jovens e adultos se reuniam presencialmente na casa de alguém para jogar determinado game. Muitas vezes as noites foram viradas no esquema “uma fase ou uma vida” que consiste em passar o controle para o amigo caso passasse de fase ou morresse.

Nos dias atuais, com o advento da internet, essa prática foi quase extinta, até porque os games modernos não viabilizam a prática do esquema citado acima, pois as fases são muito longas, isso quanto o game é dividido por fases. Dentro desse contexto, Gorescript possui um ranking online para você disputar com outras pessoas ao redor do mundo quem faz a maior pontuação.

Em contra partida, o jogo oferece fases curtas e vidas infinitas, tornando-se perfeito para reunir os amigos em casa e jogar “uma fase ou uma vida”, garantindo a vida útil do game e mais perícia social, fica a dica.


Doomcraft ou Minequake?

Perto dos gigantes dos dias de hoje, como Overwatch (Multi), Destiny (PS4), Call of Duty (Multi) e Battlefield (Multi), tenho que ser sincero, Gorescript é um jogo fraco. Entretanto, ele tem seu valor, resta-nos saber se será reconhecido como tal pela nova geração e se os veteranos do mundo dos games exaltarão a nostalgia em um mercado ofuscado com títulos triple a.

Qualidades:

  • Nostálgico;
  • Power ups.

Defeitos:

  • Pouca variedade de inimigos;
  • Gráficos simples demais;
  • Sem enredo.

Gorescript — PC — Nota: 6.0

Revisão: Manoel Siqueira

* Este texto foi produzido a partir de uma chave cedida pela assessoria de imprensa para a versão de PC.

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